quarta-feira, 23 de julho de 2014

Trauma ocular: um risco que nenhum trabalhador precisa correr


O cuidado com os olhos deve ser uma preocupação diária do empregado e do empregador. A visão é um sentido fundamental ao indivíduo e, quando debilitada, pode incapacitar para o trabalho. Se comparado a outros tipos de acidentes de trabalho, o trauma ocular é o que mais compromete a produtividade. Enquanto a média de absenteísmo por acidente é de cinco semanas no caso de outras regiões do corpo serem atingidas, a inaptidão quando os olhos são lesionados afasta o trabalhador por uma média de 15 semanas. Infelizmente, todos os anos, milhares de brasileiros sofrem traumas nessa região e a grande maioria dos acidentes poderia ser evitada com cuidados simples, como o uso de protetores oculares.

Nos ambientes de trabalho, infelizmente as ações preventivas não vem dando a devida atenção ao assunto e, com isso, o que se tem visto é o crescimento da frequência de incidentes com ferimentos nos olhos. Seja pela falta de compreensão da importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) por parte dos trabalhadores, seja pela falta de fiscalização das empresas, o que os oftalmologistas percebem é que ainda é preciso investir muito em campanhas de conscientização.

Os traumatismos podem ser causados por corpos estranhos, lacerações, perfurações, contusões, queimaduras ou contato com produtos químicos. Os mais comuns são os traumas perfurantes, diretamente relacionados com o trabalho braçal e os homens jovens são as principais vítimas, por terem mais força física. A gravidade do dano depende da energia cinética do objeto e o local do impacto, por isso os traumas que são acompanhados de fraturas e hemorragias geralmente são os mais graves.

Atividades como martelar, afiar, soldar, furar e lixar podem resultar em acidentes com a introdução de objetos nos olhos. Trabalhadores que lidam diretamente com instrumentos pontiagudos, estilhaços de vidro, lascas de madeira, partículas, pregos, areia, fagulhas, produtos químicos, gases, pó e vento são os mais ameaçados.

Os riscos são inúmeros: se a lesão ocorrer na córnea, a vítima pode desenvolver catarata e, se a retina for atingida, a visão pode ficar comprometida parcial ou completamente. Mas a prevenção é simples. Se o indivíduo executa sua função devidamente protegido, dificilmente será lesionado caso ocorra um acidente.

A melhor maneira para prevenir os traumas oculares é a utilização de óculos de proteção, tanto por quem realiza o serviço como por quem o cerca. Preferencialmente, eles devem ser adaptados às necessidades de cada trabalhador e seu material escolhido segundo o tipo de risco a que se expõe: plástico, vidro laminado, temperado, ou endurecido. Atualmente são produzidos esses óculos já com o grau específico para cada trabalhador, dispensando o uso dos óculos convencionais. Para garantir a segurança no ambiente de trabalho, a inspeção constante da totalidade dos funcionários é indispensável. Cabe à supervisão fiscalizar as condições de trabalho, promovendo toda mudança que se mostrar necessária. Além de exigir o uso dos óculos, compete a ela observar o estado de manutenção e disposição do maquinário e as condições de trabalho a que é submetido o trabalhador: horas de trabalho e descanso, ventilação e iluminação do ambiente.

É preciso que os empresários percebam que em termos financeiros, vale mais investir em prevenção que arcar com os custos de ter funcionários afastados por acidentes. A economia proporcionada pela saúde do trabalhador e pelo seu rendimento compensa qualquer ação educativa para a conscientização da importância do uso de EPIs.


Em caso de emergência, como proceder?

Quando ocorre um acidente, dependendo de suas características e extensão, a vítima pode percebê-lo no mesmo instante, ou apenas algum tempo mais tarde, quando surgirem os sintomas. Os mais comuns são: sensação de corpo estranho, dor, irritação, ardor, vermelhidão, lacrimejamento, baixa da visão e fotofobia.

Caso você sofra um trauma ocular ou precise ajudar alguém nessa situação, é muito importante o pronto atendimento por um oftalmologista. Quanto mais rápido o paciente receber socorro especializado, menos risco corre de ter sua visão danificada.

No caso de contato de produtos químicos com os olhos, a primeira atitude a se tomar é lavá-los abundantemente com água limpa ou solução fisiológica, evitando colírios, e procurar uma emergência oftalmológica em seguida. Já quando há perfuração, é importante evitar a compressão do globo ocular, até que a avaliação da lesão seja feita.

E atenção: a utilização de colírio para alívio dos sintomas é um procedimento que deve ser feito apenas por profissionais especializados. Seu uso incorreto ou em excesso pode ocasionar problemas graves, como úlceras e cegueira.

Com informações do site www.saudedosolhos.com.br